Projetos estudam ameaça de extinção de abelhas no Norte do Paraná

0 0

Elas são muito pequenas, mas bastante importantes para a produção de alimentos em todo o mundo. Devido ao avanço da fronteira agrícola e da depredação da natureza, as abelhas estão ameaçadas de extinção. Isso pode ter efeitos colaterais sérios para a humanidade: a escassez alimentar com a extinção de abelhas é um destino certo.

Essa é a avaliação da professora do Departamento de Biologia Geral, do CCB (Centro de Ciências Biológicas), da Universidade Estadual de Londrina, Silvia Helena Sofia. Ela coordena projetos que estudam, há anos, o comportamento e a genética de espécies de abelhas nas zonas rurais e urbanas do Norte do Paraná. Sofia tem o apoio de cerca de 10 estudantes de pós-graduação e graduação que compõe o Laboratório de Genética e Ecologia Animal (LAGEA), vinculados aos Departamentos de Biologia Animal e Vegetal e Biologia Geral.

A pesquisadora dedica-se ao estudo das abelhas desde o mestrado, em 1986. Em 1998, já como professora efetiva da UEL, passou a integrar o projeto PELD – MANP (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração na Mata Atlântica do Norte do Paraná).

Iniciado para durar décadas, o projeto, coordenado pelo professor José Marcelo Torezan, do mesmo departamento, é financiado pela Fundação Araucária e CNPq. O PELD – MANP estuda as mudanças provocadas por ações humanas na Mata Atlântica no interior do Estado.

Estima-se que haja, no mundo, cerca de 20 mil espécies de abelhas. No Brasil, devido à riqueza da fauna e flora, esse número é de cerca de 2 mil espécies, mas pode ser ainda maior.

ABELHAS DE ORQUÍDEAS
Há mais de 20 anos, a sua pesquisa “carro-chefe”, segundo Sofia, consiste no sub-projeto das abelhas de orquídeas, que integra o PELD – MANP. A pesquisadora, junto com a equipe de estudantes, acompanha e cataloga as abelhas de orquídeas em regiões de Mata Atlântica remanescente e reflorestadas. Animais de hábitos solitários (90% das abelhas são solitárias, enquanto 10% são sociáveis), as abelhas de orquídeas são umas das poucas que polinizam essas flores.

ÁREAS REFLORESTADAS
Também compõe o PELD – MANP o sub-projeto “Abelhas e vespas de áreas remanescentes de Mata Atlântica e de reflorestamento”, ativo há cinco anos. Nele, Sofia e a equipe de estudantes vão até áreas de mata nativa, com o objetivo de capturar espécies de abelhas e vespas com armadilhas de bambu.

Na Universidade, a equipe se debruça para estudar a genética dos animais – as vespas, além de polinizadoras, também são importantes predadoras para o ecossistema. “Descobrimos que o projeto de reflorestamento feito pelo PELD está conseguindo retomar a fauna de abelhas e vespas solitárias nas regiões de mata nativa. Está funcionando, então”, avaliou.

EXTINÇÃO DE ABELHAS NOS CAFEEIROS
Outra linha de estudo da professora é o projeto “Abelhas polinizadoras do cafeeiro: avaliação bioeconômica das abelhas polinizadoras do café e avaliação bioeconômica”. O projeto avalia há três anos o papel de abelhas nas plantações de café e é financiado pelo CNPq, pela A.B.E.L.H.A (Associação Brasileira para Estudo das Abelhas) e pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). O estudo é realizado em parceria a UENF (Universidade Federal do Norte Fluminense Darcy Ribeiro) e a UFU(Universidade Federal de Uberlândia).

Embora não seja necessário o uso de abelhas para polinização nas plantações norte-paranaenses, há estudos que apontam melhor eficácia em cafezais polinizados por abelhas. Nos cafeeiros do Norte do Paraná, Sofia é taxativa quanto ao porquê de as abelhas estarem desaparecendo paulatinamente. “A ação humana com o desmatamento e a implantação da monocultura vem afetando bastante espécies nativas”.

Anos depois do início do estudo, outra espécie vem tomando o lugar da abelha estudada, acomodando-se às mudanças de paisagem.

“A Apis mellifera, ou abelha-europeia, que é uma espécie exótica, importada, mantém-se nos cafeeiros do Paraná. Cremos que é porque ela consegue voar mais longe, já que não há regiões de floresta próximas das plantações. As outras espécies não conseguiriam, então a abelha-europeia está se consolidando. Aproximadamente 90% das espécies em cafeeiros são dessas abelhas”.

AEN-PR

Happy
Happy
0 %
Sad
Sad
0 %
Excited
Excited
0 %
Sleepy
Sleepy
0 %
Angry
Angry
0 %
Surprise
Surprise
0 %

Average Rating

5 Star
0%
4 Star
0%
3 Star
0%
2 Star
0%
1 Star
0%

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *