A estação mais fria do ano começou nesta segunda-feira (21) e isso significa que as pessoas que sofrem com asma precisam redobrar os cuidados. Só no Brasil, estima-se que 20 milhões de pessoas tenham asma. Mesmo antes da pandemia, a doença já era considerado um grande problema, sendo o quarto motivo que mais levava à internações, de acordo com dados da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia).
O otorrinolaringologista Jamal Azzam explica que fatores externos, na maioria das vezes, desencadeiam picos de inflamação no pulmão em pessoas com sistemas respiratórios mais sensíveis. Ele ressalta que o inverno acumula três das principais causas da asma: baixa temperatura, ambientes fechados que facilitam a formação de ácaros e baixa umidade do ar.
“A asma é uma situação inflamatória do pulmão. Na árvore pulmonar, especialmente nos bronquíolos, existem músculos circulares em volta deles e esses músculos, por um motivo desconhecido, se contraem. Quando o músculo fica contraído em volta de um tubo, diminui o espaço para passagem do ar e leva a pessoa a restrição respiratória, falta de ar, cansaço e a produção do chamado chiado dos asmáticos. Além disso, há uma irritação das terminações nervosas que ficam dentro da árvore respiratória e gera tosse”, afirma Azzam.
Segundo ele, as baixas temperaturas por si só podem causar broncoespasmos nos asmáticos. “A consequência do frio é as pessoas ficarem em ambientes com janelas fechadas e mais confinados, o que aumenta a predisposição para proliferação dos ácaros nos ambientes internos. Esses bichinhos causam irritação ao sistema respiratório”, alerta.
“A baixa umidade do ar resseca as vias respiratórias, que aumenta chance de inflamações. Além de diminuir muito a dispersão da poluição atmosférica, especialmente nos grandes centros, é mais um fator que potencializa as chances de crises asmáticas”, acrescenta.
Além dos fatores ligados ao inverno, o estresse também é apontado como uma das causas para as crises asmáticas. “Pacientes que estão muito abalados emocionalmente, na maioria dos casos, também apresentam episódios de crises”, diz Azzam.
Como evitar as crises?
O especialista lembra que não conseguimos escolher a qualidade do ar que respiramos, mas é possível evitar os agentes desencadeadores da crise.
“O paciente tem de controlar ao máximo o ar que respira. Precisa evitar poeira, ventilar os ambientes, não ficar muito tempo com ar-condicionado ligado, não deixar que animais domésticos durmam no quarto, que não pode ter móveis que juntam poeira, carpetes, cortinas, bichos de pelúcia, travesseiros de paina ou pena e embaixo da cama deve ter cuidado redobrado na limpeza. Nos guarda-roupas e armários nada pode ser guardado em sacos plásticos, porque aumenta a formação de ácaros”, orienta.
Diagnóstico e tratamento
O tratamento da asma começa com as medidas para evitar os agentes agressores conforme orientação do otorrinolaringologista, aliado ao uso de medicamentos preventivos. Durante as crises, são usados remédios via oral, inalações, bombinhas ou aplicadores e até corticoides.
O diagnóstico é clínico, o médico ouve a história clínica e examina o paciente e, na massiva maioria dos casos, é conclusivo. Mas, em alguns casos, podem ser feitos exames de imagem, como tomografia ou ressonância.
Azzam lembra que a melhor forma de evitar problemas mais graves é com o tratamento preventivo. “Os medicamentos para prevenir a crise, são de uso continuados, e é um fator crítico de sucesso no manejo da asma”, alerta o médico.
Asma e a covid
Com a pandemia do novo coronavírus, o médico ressalta a necessidade de atenção especial das pessoas que têm asma.
“Infelizmente a covid afeta principalmente o sistema respiratório e quem já tem asma o risco é muito maior de complicar a infecção. Portanto, quem tem asma precisa triplicar os cuidados para que o sistema respiratório esteja sempre em dia em tempos de pandemia”, completa.
*Com informações do Portal R7
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