O agronegócio brasileiro apresentou queda no desempenho em 2023. De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio fechou o ano passado com queda de 2,99% em relação a 2022. Os dados mostram que a diminuição de preços em todos os segmentos da cadeia produtiva contribuíram para o resultado. O advogado especialista em direito agrário Francisco Torma explica esse cenário.
“Quando estou falando do agronegócio, não estou falando só sobre produção agropecuária. Portanto, estou falando do PIB que envolve desde a produção de máquina, venda de insumos, os contatos bancários, de financiamento de crédito rural, todos os serviços — o transporte desse produto. Tudo isso pode influenciar nesse resultado”, pontua.
Na opinião do presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, esse resultado já era esperado. Ele cita o trigo, como exemplo.
“O Brasil não é formador de preços. No caso do trigo, o preço é formado na bolsa de Chicago, na bolsa de Nova York. Então, o trigo — esse ano inclusive — ele estava com preço muito baixa. A apesar da quebra da safra, o preço interno estava baixo, porque havia trigo no exterior muito diferente”, revela.
Com este desempenho, o setor reduziu sua participação no PIB total do país no período, de 25,2% em 2022 para 23,8% no ano passado. O resultado só não foi mais desfavorável em razão das safras agrícolas recordes e da maior produção nos segmentos primário e agroindustrial na pecuária, que puxaram a demanda por agrosserviços.
Avaliação por atividade
Ao levar em consideração a análise por cada atividade, o PIB agrícola teve queda de 3,26% em 2023, em relação a 2022. Apenas o setor primário alcançou resultado positivo — com expansão de 5,11%, beneficiado pela produção recorde e queda dos custos com insumos.
A baixa nos preços de fertilizantes e uma produção menor de máquinas agrícolas provocaram queda de 27,92%. Além disso, houve também recuo na indústria (3,43%) e no setor de serviços (3,24%). Já na pecuária, o PIB caiu 2,3% no ano passado. A produção primária foi a mais afetada, com queda de 10,61%. A atividade sofreu com a queda dos preços — principalmente de bovinos, aves de corte e leite.
O presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa, também revela que o mesmo cenário foi observado na produção do trigo. “No caso do trigo houve perdas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e no Paraná de 30%, 40%, da safra. E isso tá repercutindo esse ano”, salienta.
Fonte: Brasil 61
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